4/18/2012

Antero, o alucinado

Hoje comemora-se Antero de Quental, poeta que ouvia vozes dentro da cabeça e que, curiosamente, se suicidou com a idade que eu tenho agora. Esta é pelo menos a história oficial porque naquele tempo não havia televisão nem séries da FOX e portanto as pessoas não sabiam que ninguém se consegue suicidar com dois tiros. Ou que pelo menos é coisa para se desconfiar.
Quanto a mim e apesar de a vida não me andar a correr de feição, não tenho ainda planos para cometer um acto de tal monta, até porque o mais que me podia acontecer era ser notícia do Diário de Aveiro no dia seguinte. Daqui a cento e tal anos não ia ser de certezinha tema de abertura do google, ainda que só aqui na choldra.

2 comentários:

mfc disse...

Continuo a apreciar os seus escritos... e as suas ideias bem inovadoras à época!

joao madail veiga disse...

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busca anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formusura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão -- e nada mais!