LEMBRAS-TE?
Foi numa noite de tempestade que te conheci. O vento fazia inclinar as árvores e destruía os guarda-chuvas. Estava frio. A noite era escura e sem estrelas.
Em casa estranharam eu ter vontade de sair numa noite daquelas. Disse que ia tomar café. Denunciei-me. Mais tempo ao espelho e várias trocas de roupa tornavam óbvio que não se tratava de um café qualquer. Era uma réstea amarelada de amor próprio que eu guardava lá no fundo sem saber e nessa noite estava a querer ganhar vida outra vez. Não sei porquê, pois ainda nem te conhecia.
Tomámos café e falámos de coisas banais.
Quando nos despedimos com um beijo na face consegui abrandar o decurso do tempo e fazer durar mais uma fracção de segundo aquele instante em que junto do teu rosto decorei o teu cheiro e a tua pele. Nesse momento tive a certeza que eras tu a pessoa que eu procurava. Guardei essa certeza num cofre num local muito escondido para que nem eu a conseguisse encontrar, mas ela estava sempre a sair. A partir desse dia mudaste o meu mundo todo. Irremediavelmente. Não me arrependo.
Lembras-te? Foi numa noite de tempestade.
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