O MISTÉRIO DAS PROPINAS
Acabei de receber um e-mail, daqueles que o pessoal acha piada e põe a voar para todo o lado, acompanhado de cinco ficheiros de imagem que mostram um rapazinho e uma mocinha em actos íntimos atrás de uns arbustos. Nota-se que as fotos foram tiradas sem que eles soubessem. A acompanhar, vem um texto que diz isto:
“Vejam como dois alunos do Instituto Superior Técnico, futuros engenheiros deste país, ocupam o seu tempo nos jardins da escola que frequentam. E depois dizem que não querem pagar propinas!”
Pasmei.
Depois destes anos todos, depois de já ter entrado e saído da universidade há uma porradona de tempo, é que venho a descobrir que as propinas, afinal, não servem para comparticipar as despesas que o estado suporta a manter abertas as universidades com tachos para todos os primos, afilhados e amigos dos amigos mais os laboratórios, o mobiliário, a água e a luz, as cantinas e sei lá que mais. Tendo em conta a relação directa causa-efeito que vem descrita no e-mail que recebi, as propinas servem para pagar o aluguer dos espaços das universidades onde os alunos mandam umas quecas para aliviar o stress dos exames e de algumas aulas que, se eu bem me lembro, há por aí doutores piores que a famosa mosca Tzé-tzé.
Ora este facto reveste-se de dupla gravidade, a meu ver. A saber:
1. Os estudantes universitários deste país são ainda mais burros do que já tinham demonstrado no “Doutores e Engenheiros” e demonstram agora no “Um Contra Todos”. O preço a que estão as propinas dá para pagar uma suite num hotel de cinco estrelas com jacuzzi, ar condicionado, cama fofa e confortável, room service e tudo mais o que é mordomia. Só se for por algum sentimento de patriotismo que desconheço é que os putos se põem a pagar os preços exorbitantes que todos sabemos para terem direito a mandar umas cambalhotas atrás dum arbusto, ao ar livre, sujeitos às mais diversas contrariedades como a picada de uma abelha, uma cagadela de cão, posições desconfortáveis como de pé (o que como todos sabemos exige uma harmonia perfeita entre a altura de ambos os participantes), de gatas, por trás e com as calças de ganga até aos joelhos prontas para qualquer emergência, ou até a serem fotografados e remetidos para casa dos papás em forma de e-mail. Não se compreende.
2. O segundo motivo toca-me directamente. Eu, que como já referi terminei esses cinco anos de provação há muito tempo, andei ali a pagar propinas sem reclamar e nunca, mas nunquinha mesmo (juro), mandei uma pinada dentro dos domínios da universidade. É que nem nos jardins, nem nos relvados, nem no wc, nem nos elevadores, nem na fila para a cantina, nem no gabinete de nenhum profe (para subir notas usei sempre a técnica do marranço). Assim, é natural que me sinta defraudada. Acham que devo lá ir pedir o reembolso?
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