Dois daqui:
Na Irlanda, uma miúda de 14 anos é violada pelo pai e fica grávida, o aborto é-lhe proibido pelos tribunais que souberam da coisa no processo-crime desencadeado contra o pai e proíbem-lhe a saída para Inglaterra para fazer lá o aborto. Consegue iludir a proibição e é presa e acusada quando regressa à Irlanda. Se isto não é primitivo e idiota, não sei o que o será. O direito à vida do feto tem que ceder. Não é um valor absoluto.
O argumento da necessidade de aumento da natalidade é uma coisa muito engraçada, num estado, como o português, que é fiscalmente impiedoso com a filharada, que não fornece rede de educação e apoio pré-escolar, que fecha escolas primárias a esmo, que mete propinas em forma de burla, que vai paulatinamente tirando a o carácter gratuito da saúde e que corta a esmo os subsídios da segurança social. Dá mesmo vontade de ter filhos...
Um daqui:
O argumento do "não" perde-se logo na actual lei em vigor: o aborto é permitido em caso de violação. Então e a "vida" não existe nesse caso!? Por ter sido "provocada" sem consentimento, deixa de ter "valor"? Já não é um bebé rosado e feliz como as fotografias? São os moralismos hipócritas, que penalizam as mulheres por terem uma vida sexual "não autorizada" pela igreja, e porque o abismo entre as classes sociais é directamente proporcional à natalidade dos menos endinheirados, para essa diferença de manter, é importante continuar a atirar estes camiões de areia para os olhos dos que não querem (ou não sabem) pensar.E sinceramente, ponho mesmo em causa a legitimidade de opinar daqueles que nunca terão esse problema (os mais idosos), dos que não podem ter filhos (infertilidade) ou numa posição extrema, mesmo do género não afectado. Porque está-se a pôr em causa o direito de uma pessoa (por azar do sexo feminino) ter poder sobre o seu corpo, transformando-a numa incubadora sem voz própria...
Outro daqui:
É chocante ver esses senhores e essas senhoras a cagar certezas sobre realidades que desconhecem. De cima do seu pedestal que lhes afasta os pés da terra, criam um mundo só seu onde juntam os seus amigos, conhecidos e similares e assim, donos da verdade, a única e suprema, querem regular o mundo. É com esta lógica e fruto da sua suprema sabedoria que somos um povo culto, educado, economicamente próspero, numa palavra, feliz. Quando vi na RTP as caras dos apoiantes do Não no debate de 2ª ou 3ª Feira, fiquei ainda mais desconfiado quanto ao futuro deste país, eram algumas das personalidades que fazem a nossa cabeça colectiva, os ditos opinion makers.Com gente assim não é fácil ter esperança no futuro, o SIM seguramente que vai vencer mas continuamos com eles, que das formas mais demagógicas e intolerantes nos vão tentar fazer felizes.
Margarida Espantada
Há 1 semana
2 comentários:
Mas que belo ramalhete...
Por acaso até é!
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