9/07/2010

Só que agora quem não fizer peixeirada nem é gente nem é nada


O que eu sei é que quando andava na escola, que se chamava primária e não do primeiro ciclo apesar de agora o ensino me parecer um bocado mais primário, saía de casa de manhãzinha e fazia mais de um kilómetro a pé e outro tanto de volta. Os transportes escolares eram as solas dos sapatos, para quem tinha sapatos. A cantina escolar era um pão com manteiga que a gente levava de casa e as actividades extra-curriculares era levar com a régua e ficar de castigo virado para a parede durante uma hora. As instalações sanitárias eram um buraco no chão completamente infecto. O magalhães era um caderno de duas linhas com uns gajos da mocidade portuguesa na capa e uma lousa. As novas tecnologias era aprender a escrever com caneta de tinta permanente. As escolas não fechavam porque toda a gente fazia filhos, quer tivesse dinheiro para isso quer não tivesse, por isso todas as escolas estavam lotadas. A professora deixava-nos sair para almoçar se estivesse bem disposta. Nos dias em que não deixava chegávamos a casa e ainda levávamos mais porrada por nos termos atrasado.
Não havia associações de pais. Havia pais. Mas nem lhes passava pela cabeça protestar pelo que quer que fosse. Nem a nós nos passava pela cabeça fazer queixas em casa sob pena de nos correr ainda pior o dia.
Mas todos aprendemos a ler e a escrever.

8 comentários:

Moura Aveirense disse...

Aprendíamos muito mais! Não era cá preciso Magalhães e outras mariquices...

Narizinho Lunático disse...

E, o certo, é que os miúdos que hoje têm tudo isso, escrevem "axim"! :p

Didas disse...

Moura, estamos a criar uma geração de imbecis que não sabe apertar os sapatos nem ir para a escola a pé. A culpa é nossa!

Narizinho, alguma coisa estava mal antes. E certamente alguma coisa está mal agora...

saltapocinhas disse...

tens toda a razão.
as pessoas desenvolveram uma paranóia qualquer e vai tudo levar os putos à escola, mesmo que morem lá ao lado... e de carro!

Didas disse...

Mais uns aninhos e estamos como eu li numa reportagem sobre o fenómeno nos estados unidos. Os papás vão levar os filhos ao emprego e de vez em quando aparecem a ralhar com os patrões.

Peter Gunn disse...

Excelente texto D. Didas =)

O problema dos nossos meninos de hoje é terem tudo de mão beijada e depois não têm que se esforçar para nada...
Mais do que uma vez já ouvi:
"Porque razão terei eu de estudar até ao 12º ano se posso andar a curtir a vida e depois quando tiver mais do que 25 anos vou então fazer em 2 ou 3 meses aquilo que os burros tiveram que andar a fazer durante anos... e ainda ganho portáteis à borla!"

Sócrates é o maior... palhaço!

Anónimo disse...

Hi Iam Prabhu from chennai,joined today in this forum... :)

Didas disse...

Peter, isto não me parece um problema Sócrates. É bem maior do que o Sócrates. É um problema da sociedade actual. Em todo o lado. Mesmo onde não há Socrates.