Só vou contar agora, porque só agora é que me apeteceu, mas já aconteceu no dia 23 de Novembro. Véspera de greve geral de funcionários públicos e de empresas do estado. E da Auto-Europa!...
Cheguei ao aeroporto de Lisboa e ainda ia ficar mais um dia por ali. Por isso, fui à gare do Oriente saber como seria a minha vida no dia seguinte, tendo tido o seguinte diálogo com o atrasado mental que estava na bilheteira:
- Amanhã há comboios para o norte?
- Não, amanhã é greve.
- E não há comboios nenhuns?
- Não, amanhã é greve.
- Mas eu ouvi dizer que há serviços mínimos obrigatórios. Algum desses é para o Porto?
E o mentecapto, com um ar super-chateado de a fazer um grande favor ou então um exame à próstata, respondeu a saca-rolhas:
- Há um às 7:39.
- Só esse?
- Não sei, amanhã é greve.
- Olhe, dê-nos dois bilhetes para esse das 7:39.
Ele vendeu-nos os bilhetes e (este é o pormenor que dá beleza à história toda), escreveu um "G" a esferográfica em cada um antes de os entregar.
- O que é que quer dizer isto? - perguntámos.
- Quer dizer que amanhã há greve e vocês foram avisados.
Claro que, com a paciência a dar o tilt, a conversa acabou inevitavelmente com um "Vocês são mas é uns palhaços!" - sem ofensa para os palhaços.
A greve era no dia 24. Eu fui à estação no dia 23, dia normal de trabalho, que eu saiba! Não estava a pôr em causa o direito do andróide a fazer greve, só queria ser atendida como deve ser. Custa muito? Estes gajos precisavam era dum estágio na linha de montagem duma fábrica de sapatos em São João da Madeira, isso é que precisavam! Porra!