Decorria o Ano de 1994. Vicente Jorge Silva, então director do Público, escreveu um editorial no qual apelidava os jovens de Geração Rasca.
Sem o saber, Vicente Jorge Silva estava a fazer história, uma história de cordel e manjerona (um misto de literatura de cordel com as Guerras do Alecrim e Manjerona) e tal como no livro de António José da Silva, o desfile carnavalesco, tantos anos depois, está ainda longe do seu fim.
Embora não pareça eu também já fui jovem, revoltei-me contra o sistema e escrevi nas paredes! (entre outras coisas)
Posto isso, passemos ao que interessa.
No próximo Sábado, vai realizar-se em Lisboa um cortejo, que tem o nome pomposo de Manifestação da geração “À Rasca”. Tendo em conta que o acto de nos podermos manifestar em Portugal é um dos muitos direitos que foram conquistados com o 25 de Abril de 1974 (coisa que muitos jovens não fazem a mínima ideia do que é, e o que significa), nunca liguei muito a este acontecimento, não ligava…até à última Segunda-feira, altura em que me foi dado a ver numa televisão qualquer, uma entrevista efectuada a uma jovem licenciada em comunicação social e que fazia parte do grupo de jovens que, abusivamente interrompeu uma realização partidária na Cidade de Viseu.
Descrever as palavras da jovem “desempregada” seria um exercício de puro masoquismo e atentado aos nobres desígnios do próprio 25 de Abril e como tal, vou-me abster de as comentar, mas tão inocentes palavras fizeram-me ler mais sobre o assunto e quiçá, ponderar sobre o acto de resistir, manifestar e reivindicar (isto, associado ao facto do Sporting ter 6 (!!!) candidatos à presidência)
Vamos por partes.
Hoje em dia, é “bem” dizer-se mal do Governo, dos políticos, dos “ricos e poderosos” deste País. Hoje em dia o pensamento dominante, aquele que é vinculado por quase toda a comunicação social, é o de que “isto” está por um fio.
Num dia diz-se (e jura-se a pés juntos) que Sócrates vai à Alemanha rastejar aos pés de Angela Merkel e esta vai anunciar-lhe do alto daquele seu ar seráfico, que Sócrates vai mesmo ter que ir para a Portela receber os Srs.
do FMI. Para Manuel Maria Carrilho e Pedro Santana Lopes só faltou dizer a que horas chegava o avião, mas Marcelo Rebelo de Sousa, que deve ter acesso directo à Chanceler Alemã, quase que descreveu “tim-tim por ti-tim” o teor das conversas. Bem, não só foi mentira, como Sócrates acabou por proferir uma das frases mais marcantes dos últimos tempos, “"O meu país tem oito séculos de história, o meu país não é subserviente com ninguém, só é subserviente com o seu povo e com aquilo que o povo tem a dizer", disse Sócrates, em resposta a uma pergunta de um jornalista português, na capital alemã.”
Ouviram alguém falar sobre esta tomada de posição do primeiro-ministro português? Claro que não!
Tanto quanto sei, Miguel Sousa Tavares não é apoiante deste Governo ou do partido que o suporta. As suas posições públicas têm-no demonstrado. Recentemente, MST emitiu a sua posição sobre o tão falado movimento “À Rasca”, a qual não é coincidente com a do pensamento dominante e…aqui d’El Rey que o homem é analfabeto, é estúpido e está “feito” com o sistema!
E o que dizer de Luís Figo, que em menos de um remate à baliza passou de bestial a besta?!?!?!?! Aliás como se sabe, aquele que muito justamente foi considerado como um dos melhores jogadores portugueses de todos os tempos (por acaso não foi nomeado melhor jogador do Mundo??? Tenho ideia que sim!) com uma carreira brilhante a todos os níveis não só em Portugal (e que por acaso - mas só por acaso - foi no Sporting) como nos melhores clubes Mundiais, é rapaz de grandes necessidades económicas. Aquilo é rapaz para ter que pedir emprestado para conseguir pagar a renda da casa todos os meses!! E tudo isto porquê? Não deve ser por estar casado com uma mulher lindíssima, nem por fazer tantas campanhas de publicidade que deve ter dinheiro para comprar toda a dívida pública portuguesa! Será por se ter lembrado de fazer uma Fundação para ajudar quem mais precisa? Ou será que foi por ter dito o que pensava e esse pensamento não estava de acordo com o pensamento dominante?!?!?!?!?!
Mas porque é que esta gente pensa??????
Só tinham que fazer como a rapariga que invadiu a tal realização partidária e que segundo as suas palavras, representava os outros todos da “Geração à Rasca”
NÃO PENSEM!
Sinceramente, assusta-me uma geração de catraios que fala sem saber o que diz e que levantam o nariz com o ar mais empertigado deste Mundo e que, pior ainda, não aceitam opiniões contrárias. Que Francisco Louça use e abuse dessa figura de estilo, desse modo de ser, está no seu direito, afinal de contas é esse o seu papel, o de ser um eterno jovem imberbe que se recusa a crescer e a reconhecer que nem todos os meninos querem brincar com os seus berlindes.
Sinceramente, assusta-me o papel de certos jornalistas que se transformaram com o tempo, nas prostitutas mal pagas de certa classe politica.
Preocupa-me um País que não pensa.
Preocupa-me um País que acha que só tem direitos e não tem deveres!
No próximo Sábado algumas cidades do País vão ver passar o cortejo. Alecrim e Manjerona vã lá estar, bem como apoiantes do PNR do Bloco de Esquerda e do PCP.
Uma vez mais os jovens foram “comidos” pela tal classe politica que tantos receiam, a não ser que por detrás da organização desta manifestação estivesse (ou está) um grupo político e não um grupo de jovens. Mas isso não pode ser pois não?
P.S: Já agora um conselho aos jovens que querem emitir a sua opinião:
1 – Façam-no democraticamente, respeitando a opinião e a vontade dos outros
2 – Se querem ser ouvidos, inscrevam-se num Partido político, seja ele qual for
3 – Participem activamente na vida cívica deste país. Há mais vida para além dos Festivais de Verão!