
Primeiro foi um trouxa que estava à minha frente para ser atendido. Pediu um gelado dos que estavam na fotografia com o preço ao lado. O que a chavala lhe serviu não tinha nada a ver, era apenas um waffle com uma bola de gelado de baunilha em cima. O da fotografia era cheio de paneleirices, chocolate líquido, pepitas de chocolate, amêndoa e mais não sei quê. "Então não é como o da fotografia?" - perguntou o trouxa com ar desconsolado. E com ar desempenado respondeu-lhe a chavala que para ser igual ao da fotografia tinha que pagar mais uns trocos, já não era aquele preço. O trouxa pediu desculpa e disse delicadamente que não sabia mas que não fazia mal, que levava mesmo aquela m*rda deslavada e lá foi ele com o ar infeliz de quem ia entrar no WC mesmo ao lado e enfiar aquela porcaria na retrete. E eu, à espera da minha vez para pagar dois saquinhos de bombons a pensar comigo própria (ontem por acaso não levava nada com botões) que havia de ser comigo...
A seguir fui eu. A chavala fez a conta e pediu-me cinco euros e vinte. Eu desconfiei que não era bem isso que estava marcado mas como não tinha a certeza, paguei. Quando ia a sair, confirmei. O que eu tinha acabado de comprar estava marcado a dois euros e vinte cada, logo, dava quatro euros e quarenta. Ou seja, menos oitenta cêntimos, cento e sessenta paus dos antigos. Pus-me outra vez na fila para fazer estrilho.
Entretanto já lá estava mais uma cliente, à minha frente, também para comprar um gelado. "Quero aquele que está na foto mas só com duas bolas e sem topping" - pediu ela. E outra vez a empregada a explicar com um tom como se aquilo fosse tão normal como abrir a porta para sair de casa: - "Tudo bem, mas fica pelo mesmo preço, a senhora é que sabe!". E mais uma vez a cliente pagou e foi embora com o rabito entre as pernas.
E eu outra vez. Expliquei à miúda que o produto que tinha acabado de pagar estava marcado por menos oitente cêntimos na prateleira e ela, tão desempoeirada com nas duas vezes a que eu já tinha assistido antes, disse que "Pois, mas já houve actualização de preços e agora é mais caro. Só se esqueceram foi de alterar as etiquetas". Está bem está! Eu pago aquilo que está marcado, capice? E ela percebeu. Aí, ficou tão atrapalhada e nervosa que nem foi confirmar o que eu lhe estava a dizer (Eu até podia estar a mentir. Não estava mas podia!), nem argumentou mais nada além de "Eu estou aqui em part-time, não tenho nada a ver com isto!". Abriu a caixa e devolveu-me o dinheiro. Eu vim embora.
Isto tudo aconteceu para aí em quinze minutos. Das três pessoas envolvidas (eu incluída) nenhuma pediu o livro de reclamações. E aquela empresa vai continuar a praticar a política de intrujar o trouxa e vai continuar a pôr a loja nas mãos duma funcionária em part-time, sozinha, sem formação nenhuma e provavelmente a ganhar uma miséria que faria corar qualquer um.
Quando cheguei a casa procurei na internet um endereço de mail da Hussel Ibéria para enviar uma reclamação mas simplesmente não existe. É uma empresa mais ou menos fantasma, embora bem visível em tudo o que é shopping deste país.
É assim.