1/31/2006

GRANDE CACETE 2006


Está decidido (acabei agora mesmo de decidir), este ano só vai haver um prémio no farinha e não vai ser um brioche, vai ser um cacete que é maior e faz mais estrago.

Então fica assim:
Ponto 1. Está oficialmente aberta a segunda edição do passatempo "Descubra o quadro escondido"
Ponto 2. Desta vez não sou eu que vou abandalhar com os quadros mas sim vocês, caros leitores. Assim, quem quiser participar deverá enviar-me por mail uma imagem do quadro original, o autor, o título e outra imagem com o mesmo quadro devidamente disfarçado. Pede-se que façam coisas difíceis pois os leitores do farinha são mega ultra super perspicazes e se for fácil não dá luta nenhuma.
Ponto 3. Todos os participantes receberão um diploma de mérito Farinha Amparo, devendo para o efeito remeter também a morada para onde este deve ser enviado, se assim o desejarem. Se não quiserem tudo bem, mas avisa-se já que um diploma Farinha Amparo no vosso currículo é meio caminho andado para o sucesso.
Ponto 4. Os participantes com quadros não podem, como é óbvio, adivinhar o quadro que mandam (dah!)
Ponto 5. O passatempo irá durar até vir o homem da fava rica, ou seja, quase o ano todo até ao terceiro aniversário deste estabelecimento.
Ponto 6. O vencedor, que terá direito a um magnífico cacete e um diploma de mérito excepcional, será aquele que acertar mais quadros.

Começamos com a participação do nosso mui estimado leitor Sousa da Ponte, a quem agradecemos a gentil contribuição.

Então digam lá: Quem pintou este quadro e qual é o seu título?

1/30/2006

Olá meus amores!

A minha crónica de hoje é mais uma vez uma crítica literária. Mas atenção, que desta feita não é coisa de pé de chinelo. Sim, porque finalmente o meu valor está a ser reconhecido internacionalmente e já não era sem tempo!

Ora bem, trata-se então do seguinte:
Recebi ontem, por mail, a encíclica do Papa Bento XVI intitulada "Deus é Amor" ou como se diz em estrangeiro "Deus Caritas Est" (Não tem nada a ver mas prontos). O que interessa na história é que, a princípio, eu não estava a perceber porque raio me tinham mandado aquilo, até porque é uma cena com 16000 palavras e 26 páginas que me entupiu o mail todo. Depois porque não traz, nem uma piada, nem um mp3 com um um anúncio publicitário ou uma cena de sexo escabroso, nem um aviso contra uma nova ameaça pública. Mas depois, claro... como pude ser tão estúpida! Só pode ter sido o próprio Ratzinger que ouviu falar da minha grande capacidade de análise literária e deu ordens a um dos seus cardeais para me mandar aquilo a ver se eu lhe dava uma orientação para futuras encíclicas (esta, como sabem, é a primeira, o homem ainda não está muito afinado naquilo e deve estar nervoso). No que fez muitíssimo bem, porque esta está uma merda mas, com os meus conselhos, a próxima vai sair melhor se deus quiser.

Então é assim querido:
1 - Para post não serve. Se quiseres criar um blog cada texto tem que ter no máximo um vigésimo daquele tamanho. É um regra que toda a gente conhece no meio. Por isso, Deus me livre e guarde de publicar aquela cena aqui, ficava já sem leitores! É tudo uma questão de poder de síntese, tu consegues!
2 - Pensei em mandar aquilo para a TVI para eles adaptarem a novela com músicas do Toi (tendo em conta que fala de amor e tal...), mas depois comecei a ler a cena e vi logo que também não dava. Aquela porra não tem intriga nenhuma, nem filhos à procura do pai ou da mãe, nem gémeos separados à nascença, nem adultérios... É só santos para cá, caridade para lá (essa até é boa se lhe pegares com garra como fez a Fátima Lopes em Dakar a obrigar os pretinhos a bater palmas cada vez que dava um pacote de bolacha maria do intermarché, mas no teu texto está assim, tipo, mole, 'tás a ver?). Mesmo na parte que podia dar pica, que é na parte do sexo, ficas-te pelo matrimónio e tal, que o esposo e a esposa estão autorizados a coiso tal e isso, e o pessoal fica à espera da parte sórdida e nada. Tinha que ser mais específico, deixa ver se consigo explicar... olha, experimenta ver a programação da SIC Radical à uma da manhã, depois se não perceberes alguma coisa manda-me um mail. Não quer dizer que eu tenha percebido, claro, mas posso sempre tentar.
3 - Tira a parte dos santos, já ninguém aguenta, acredita. Paciência de santo já temos todos cada vez que sai mais uma lei fantástica deste nosso governo socialista a tirar aos pobres para dar aos ricos. Então aquela da Maria ser uma grande santa porque assistiu a não sei quem na gravidez e no parto e não sei que mais, esquece. Isso vamos nós começar todos a fazer agora que vão fechar uma porrada de maternidades.


Concluindo, acho que deves começar com coisas mais simples e só depois te abalançares para material mais pesado como as encíclicas. Aconselho-te, por exemplo, um romancezinho como os da Margarida Rebelo Pinto ou uma crónica no Independente, como a Ana Anes. Ou até um programa de televisão a evocar mortos e moribundos, vê o exemplo do Júlio Isidro, ninguém acreditava que aquilo desse e olha as audiências!

Se precisares de mais alguma coisa, não te esqueças que a Rosarinho está cá para o que for preciso, temos que ser uns para os outros.

E para os clientes em geral, como de costume

Um beijo da vossa
Rosarinho!

1/27/2006

DOS SALOIOS E OUTROS


O digníssimo velhinho Sousa Veloso (quem se lembra do TV Rural?), falou há uns anitos numa entrevista da arrogância ignorante dos novos profissionais de televisão. Dava como exemplo ter visto, na véspera do feriado municipal de Lisboa, uma apresentadora despedir-se com um sorridente “Até amanhã e bom feriado!”. Terão ficado na altura uns nove eventuais milhões de espectadores a pensar “Feriado, amanhã? Não sabia de nada!”.
Seja ou não fruto de um sentimento de despeito por uma televisão que o dispensou, o cota estava mais certo do que amanhã ser sábado. O pessoal que trabalha nas televisões nacionais demonstra muitas vezes uma ignorância tão saloia do país onde vive e para o qual (supostamente) trabalha que chega a doer.

Ignorância do qual este que se segue não é caso único nem bode expiatório, apenas um exemplo e um espelho da tristeza geral do meio.

O convencidíssimo Jorge Gabriel é useiro em afirmações do tipo “Tão bonito e tão perto de Lisboa! Não há desculpa para não ir até lá!” que deixam por exemplo um habitante de Bragança a pensar baralhado “Mas porque raio eu não tenho desculpa para não ir passear a um sítio por ser perto de Lisboa?”. Mas atingiu o auge numa destas emissões d’O Cofre, ao entrevistar uma concorrente de Faro que trabalhava num museu, quando afirmou com uma boçalidade inacreditável:
-Nós estamos habituados a associar o conceito de Museu a grandes centros urbanos, Lisboa, Porto... quando muito Coimbra, sei lá... mas... Faro???!!! Museu de quê???!!!

Primeiro: Meu caro, Lisboa não é um grande centro urbano. Isso não existe em Portugal. É tudo aldeias. Umas maiores, outras mais pequenitas. A diferença é que um gajo que mora em Freixo de Espada à Cinta não tem a mania que mora no tal “grande centro urbano” e como tal nunca vai sofrer decepções nem fazer figuras tristes.
Segundo: Esqueça essa treta que aprendeu na quarta classe sobre o grande centro que era Coimbra por ter a Universidade mais antiga de Portugal e blá-blá-blá. É de facto um sítio jeitosinho e com os seus encantos, mas em termos de dimensão já não há grande diferença entre a dita e Faro (que, supresa, além de museus também já tem uma universidade e até a porra dum aeroporto! Uau!)
Terceiro: Até a D. Maria, que fabrica doces regionais de figo numa aldeiazinha perto de Faro, já sabe que também em Lisboa há museus. Aposto.

1/26/2006

UMA EXCEPÇÃO À REGRA


Não tenho por hábito publicar coisas que recebo por mail em "pacotes". Mas como sou uma sentimental, estou a abrir uma excepção.
Talvez um dia vos explique porquê.

1/25/2006

LOST IN TRANSLATION

Recebo um toque... ou um kolmi... (as versões modernas do "Oh Mããããeeeeeeee!!!"). Ligo de volta.

-Olha uma coisa...
-Sim...
-Nós ficámos de chegar a casa à meia-noite...
-Pois.
-Mas é que, estás a ver, surgiu aqui um problema gravíssimo estás a ver?
-Então?
-É uma colega nossa, tipo, quer ir à Estação da Luz e isso, estás a ver?
-Mais ou menos.
-E não tem mais companhia nenhuma, está quase a chorar, coitada, só nos tem a nós... Então, tipo, podemos ir com ela e chegar uma bequita mais tarde?
-Uma bequita de que tamanho?
-Tipo... às 3?
-Espera aí que vou só ali colocar as orelhas de burro e já te respondo (esta parte é só mental). Está bem, pronto.
-Yes! Tchau!
-Portem-se bem!
-Sim! Tchau!
(desliga)

Depois fico a pensar porque insisto em dizer esta expressão, "porta-te bem", a miúdas entre os 15 e os 17 anos. Deve ser qualquer que está gravado na memória dos nossos genes. Porque qualquer mortal com um QI médio-baixo sabe que são duas palavras que, juntas por esta ordem, não fazem qualquer sentido na cabeça delas. E até nem é por mal, simplesmente não há, no mundo real, qualquer conceito que lhe corresponda.

Talvez fosse melhor começar a especificar o que significa a expressão no meu universo lexical:
-Não bebam álcool (pelo menos a partir do momento em que começarem a sentir a cabeça flutuar ligeiramente acima do corpo),
-Não se pastilhem nem que vos peçam de joelhos,
-Não acreditem na cantiga do bandido nem no fado do desgraçadinho,
-Não apanhem boleia de ninguém que tenha um carro anterior a 1980, modificado e artilhado,
-Não fumem,
-Não assaltem carros, nem casas, nem molestem ninguém. Afastem-se de quem vos possa parecer minimamente inclinado a actividades dessa natureza,
-Não se metam em zaragatas,
-Se se sentirem ameaçadas digam que o vosso último namorado está a morrer com uma doença contagiosa que a ciência ainda não identificou e provoca a desintegração gradual do corpo a começar pelos genitais.

Mas depois, também, o dinheirão que se gastava em telemóvel...

1/22/2006

E pronto queridos clientes, já está.
A festa acabou, hoje volta tudo ao normal.
Eu cá por acaso nem fui votar, estive ocupada a ver crescer o pó em cima dos móveis lá em casa e a fazer zappings na televisão. Não deu. Eu bem queria. Mas como também não ia votar em ninguém é naquela. Que nisto, diga-se de passagem, concordo com a sonsa da patroa, quem me tira o D. Duarte tira-me a vida, só de pensar nele até fico com calores, a sério! Aquilo é que é um cavalheiro! Já para não falar das pipas de massa que se poupava dos impostos que saem dos nossos miseráveis salários se não fosse preciso montar este circo todo para eleger um gajo que não faz mais nem menos do que um rei e ainda por cima pode muito bem ser o filho o gajo da bomba de gasolina!... Imagino o filho do Tio Toino, que é mecânico, a chegar a presidente. Ia ser uma consumição para o fazer largar o vício das minis e começar a beber champanhe por copos. Mas pelos vistos tudo se consegue nesta vida não é verdade? Pelo menos poupámos os guitos que se iam gastar na segunda volta, não está mal.

Mas agora fora de brincadeiras, vou-vos confessar uma coisa: A festa foi linda. Lá em casa estivemos todos a ver pela televisão e a Tia Perpétua até se emocionou! As amigas todas, mas todas, que ela não via há que tempos porque foram para Lisboa em pequeninas servir para casa de senhoras estavam lá, de bandeiras e penteados cor-de-laranja a fazer-se às câmaras! Aquilo era umas a seguir às outras - "Olha a Miquelina! Não conseguiu fazer a quarta classe porque lhe batiam muito na cabeça em piquena mas era muito boa cachopa!", - "Olha a Antonieta, filha da modista!", - "Olha a Ambrósia! A que se meteu com o marido da modista e teve que ir embora!". Eu até lhe disse "Oh tia! Tanta gente que a tia conhece!".
A Tia Perpétua só ficou desgostosa com uma coisa: O fato da D. Maria Silva, estão a ver, a esposa do Sr. Aníbal Silva... essa... É que enfim, aquele blazerzinho cinza com uns quadrados a fazer lembrar os saldos na antiga Maconde era igualzinho a um que a tia levou há uns anos ao casamento da prima Vanessa que, vejam lá, até já se divorciou! - "Uma senhora tão fina"- disse a tia e muito bem - "que agora até vai morar numa casa com picina, mesmo não sendo dela, e logo numa noite tão importante, não devia usar uma coisa daquelas, o meu já anda a esfregar o soalho há q'anos, ai balha-me nossa senhora!"
E eu digo mais, aquelas garrafinhas de água nas costas do banco de trás do Bê Eme não auguram nada bom. Aquilo só lá faltava a boneca com o vestido de crochet a tapar o rolo do papel higiénico, vão por mim!

E fiquem bem, até para a semana!
Um beijo da vossa
Rosarinho

PS: RPS, apesar de tarde, espero ter conseguido responder à sua questão.

JÁ ESTÁ

E o Marques Mendes lembrou bem. Foi a primeira vez que "aquele" quadrante político conseguiu eleger um presidente da república em Portugal.
O que não deixa dúvidas.
Esta merda bateu no fundo.

1/20/2006

1/18/2006

FRASE DO DIA


Quem nunca deixou três adolescentes à solta em casa durante um dia inteiro, nunca saberá compreender verdadeiramente o poder devastador da natureza.

1/17/2006

HOJE APETECEU-ME INVENTAR UMA HISTÓRIA



Esta é a história duma mulher que tinha um marido corno. Vamos chamar-lhe Madalena. Fica-lhe bem este nome sofredor e bíblico.

Tudo começou um dia depois de ter casado, quando o marido lhe perguntou de onde conhecia um homem que cumprimentou na rua. Claro que esta pode ser uma pergunta inocente, mas não no caso em que é feita com o ar ríspido que caracteriza o corno profundo. Nesse dia, a Madalena teve o primeiro calafrio mas, na presença de uma só manifestação da doença preferiu ignorar e considerar que se tinha tratado de um caso isolado.
E assim, Madalena continuou por mais um dia sonhando com o casamento apaixonado e monogâmico que tinha aprendido com a mãe, as tias e demais mulheres da família, bem como nos romances e revistas femininas que lia desde pequenina, umas vezes às claras outras vezes não.
No dia seguinte, no entanto, o marido de Madalena teve uma recaída fortíssima. Sem a olhar nos olhos (o corno nunca olha directamente a sua vítima), enquanto remexia papéis na carteira como pretexto para fingir que se tratava de uma conversa de circunstância, disse-lhe:
-Tens sido toda a vida uma puta, mas podes ter a certeza que comigo isso vai ter um ponto final.
A princípio, Madalena pensava tratar-se de uma charada pateta pois não tinha qualquer recordação de ter executado tarefas sexuais a troco de dinheiro ou outros bens materiais em toda a sua vida, mas logo se começou a avolumar na sua mente uma terrível certeza: O marido era corno!
E como tinha razão... As provas foram-se acumulando dia após dia como gotas. Uma dia fazia uma cena de ciúmes violenta por a ter apanhado a conversar divertida com um dos irmãos, no outro interrogava-a sobre onde e como lhe tinha tocado o clínico geral e o que tinha ela sentido nesse toque, mais tarde proibia-a de frequentar cafés sem a sua companhia e finalmente decidiu escolher pessoalmente toda a roupa dela para que nada expusesse que pudesse provocar a cobiça alheia. Afinal, estava provado. O marido da Madalena era corno!
Mas apesar desta certeza, Madalena recusou-se a aceitar desde logo a realidade. A princípio pensou que tudo aquilo podia ser uma crise passageira e começou por aceder em tudo para que ele acalmasse e se desenvolvesse um clima de confiança que permitisse apagar todos os sintomas. Estava errada! A cada dia que passava, o corno que vivia dentro do marido de Madalena manifestava-se mais e mais e, vendo-se contrariado explodia em ataques sucessivos de raiva. Ela, por seu lado, sentia-se cada vez mais infeliz e não teve outro remédio senão aceitar a dura verdade: O marido era corno e ela tinha que lhe fazer a vontade.

A princípio a medo, Madalena partiu então para a sua derradeira missão: Fazer do marido, materialmente, aquilo que ele sempre fora em espírito.
Não lhe foi fácil. Por isso, a primeira vez que Madalena traiu o marido foi com uma amiga. Para início, precisava da maciez e do conforto que só uma amiga com quem já se trocou todas as confidências possíveis proporciona. Os homens, eternos adversários, ficariam para mais tarde.
Na segunda vez, com mais confiança e a sentir que tinha pé até mais à frente, Madalena combinou uma reunião de trabalho a cerca de 250 km de casa, com um cavalheiro que já tinha feito quarenta anos de idade no dia em que ela nasceu. Nesse dia, pela primeira vez e no clima perfeito daquilo a que por vezes se chama erradamente “degradação moral”, sentiu que estava a corresponder verdadeiramente aos parâmetros que permitiriam ao marido seguir, em todo o seu esplendor, a sua vocação de corno.
Madalena tinha que se esmerar, pois os requisitos de um corno, na sua essência, exigem todo um trabalho que envolve muitas e complexas variantes. Não basta trair. É preciso que o traído desconfie sempre e sinta no ar que há traição, mas nunca consiga direccionar a sua desconfiança para o alvo certo. É preciso que o acto da traição seja acompanhado de todo um manancial de sedução e prazer genuíno. É preciso arriscar muito, marcar encontros pelo telefone mesmo com o traído sentado ao lado a ver televisão ou a jantar, aliás, o coadjuvante tem sempre que saber que está com uma mulher casada. Caso contrário, o corno nunca se sentirá plenamente realizado.

E assim se passaram alguns anos de felicidade conjugal.
Até que um dia, a Madalena, no fundo ainda uma ingénua no que toca às técnicas de traição, deu por si a pensar a toda a hora no mais recente dos seus casos. Quando estava a trabalhar, quando estava a tomar banho, a pentear-se, a cozinhar, a limpar o pó ou mesmo a tentar ler um livro, só pensava naquela pessoa, e estranhou que tal coisa lhe estivesse a acontecer pois não era isso o planeado. Pior ainda, descobriu que quem lhe ocupava daquela maneira os pensamentos, se encontrava no mesmo estado. E começou a fazer asneiras, a cometer erros básicos, que a levavam a arriscar para além do razoável para estar com aquela pessoa. Pior ainda, quando estavam juntos chegavam a passar horas a... conversar. A situação estava negra, muito negra...

E foi assim que a Madalena resolveu mandar à merda o marido corno que tanto trabalho lhe dava e arranjou um normal.
Agora, vive como nos romances e nas revistas que lia quando era canuca.

Estas histórias podem ter finais muito diversos.
Eu escolhi este.

Acham que tenho futuro nas fotonovelas?

1/16/2006

CULTURA E LAPSOS INTESTINAIS

Olá queriduchos!
Hoje estava com dúvidas acerca do tema da minha crónica. Tanto me apetecia falar dos lapsos intestinais do meu tio-avô Felisberto como de cultura. Ainda pensei, queridos clientes, em abordar ambos os assuntos na mesma crónica mas como, pelo menos pelo que vejo nos jornais e nas televisões nacionais, são coisas muito parecidas, acabava por ficar um artigo um nadinha para o monótono. Tendo que optar, decidi-me então pela cultura.

Não vou opinar, claro, sobre o que deve ser a cultura ou que políticas se deve adoptar para prosseguir os seus objectivos. A fazer isso já anda muita gente, a maior parte nem uma porcaria dum cacete sabe amassar ou tirar um café com espuma, e eu não gosto de me misturar com desastrados, o que faço é para sair direitinho, graças a deus.

Por isso vou pegar no assunto de outra forma, deixando aqui o meu contributo para a interdisciplinaridade (já que se fala tanto nesta merda e ninguém a pratica) no sistema educativo partindo do mundo da cultura. Eu explico: Pegando no mesmo assunto, vou desenvolver alguns exercícios que podem ser úteis em várias disciplinas, permitindo aos alunos desenvolver ao mesmo tempo os seus conhecimentos na área da cultura. Que tal?

PARA MATEMÁTICA (colaboração involuntária do Jornal Expresso):
1.Se a montagem de uma peça de teatro, no D. Maria II, exige um esforço financeiro de 200.000 euros e é vista por 4904 espectadores, quanto dos nossos impostos é gasto com cada espectador?
2.Se a lotação total é de 12.000 espectadores, que percentagem da lotação representam os 4904 espectadores?
3.Se numa peça que foi vista por 2660 espectadores apenas 1017 compraram bilhete, qual a percentagem dos que entraram por convite apenas para mostrar as “péis”?
4.Se a Sala Garrett (também no Teatro D. Maria II), tem 389 lugares e uma ocupação média de 31 a 48 lugares, qual a diferença entre a taxa real de ocupação desta sala e os 65,2% reivindicados pelo director? Mesmo que todas as pessoas fossem muito gordas e ocupassem 2 lugares cada uma quantas seriam necessárias para chegar à percentagem referida?
5.Tendo em conta que o director do D. Maria II ganhava 6.000 euros/mês, quantos euros ganhava por ano? (Não esquecer o subsídio de férias e o de Natal) Qual a diferença entre esse ordenado e o de uma menina do caixa como eu, que apesar de saber ler e escrever e ser uma rapariga atinada ganha o ordenado mínimo nacional?

PARA PORTUGUÊS:
Exercício único - sinónimos: Relaciona os conceitos das alíneas a, b e c com as respectivas definições referidas com os números 1, 2 e 3.
a)Otário
b)Chico-esperto
c)Comido e mal pago
1.Indivíduo que consegue convencer outros indivíduos que é um iluminado e assim arranjar um emprego de director de um teatro a ganhar o dobro de um director-geral e que, mesmo nunca conseguindo resultados visíveis, consegue manter-se durante vários anos nessa posição e reunir à sua volta um séquito de apoiantes.
2.Indivíduo que vive em Canas de Senhorim, Alcoutim, Coimbra, Viseu, Aveiro ou Alfândega da Fé, que dá cabo do coiro a trabalhar para ganhar uma porcaria ao fim do mês e ainda vê uma boa parte dos impostos que lhe são comidos a sustentar um pomposo teatro fechado num inacessível palácio na capital, com produções caríssimas, pessoal principescamente pago e praticamente nenhuma receita.
3.Indivíduo que mesmo ganhando uma porcaria de um ordenado e tendo que gastar o coirão a trabalhar que nem uma mula, vem para a rua juntar-se a uma manifestação a favor de um grupo de gajos que não quer perder o tacho, pago com o dinheiro dos impostos de todos.

PARA FÍSICA:
1.Quantos watts iluminam o cérebro de um director de teatro?
2.E quantos iluminam o cérebro dos tolos a quem disseram que a cultura (essa coisa turva que eles não sabem o que é e só viram uma vez ao longe) não tem preço e eles acreditaram?

PARA FILOSOFIA:
1.Será que mesmo uma pessoa inteligente e criativa (iluminados não porque isso não existe desde o séc. XVIII) não pode ser um pouco humilde e viver com um ordenado que não tem que ser 20 vezes superior ao mínimo do seu país? Será que em países verdadeiramente cultos (já que se trata de cultura) há um abismo tão grande entre os “iluminados” e os outros todos que permita este tipo de palhaçada? Aquilo a que se chama vulgarmente “em terra de cego…”? Trabalho para casa: Investigar este facto.


E pronto.
Digam lá que eu não me ando a estragar aqui no meio dos brioches e dos cacetes!

Beijo da vossa
Rosarinho

1/12/2006

EUUUUUUUUUU???!!!

- E a gaja pôs-se a mandar indirectas, estás a ver? Tipo: Ah! Há certas tipas que põem os cornos aos maridos e depois são apanhadas!... E tal...
- Fogo! Essa boca era para ti?
- Para mim não devia ser! Eu nunca fui apanhada!

(ouvida no centro comercial)

1/11/2006

AVISO

queria avisar a clientela que, sempre que virem num dos muitos serviços noticiosos televisivos nacionais, um novo livro, um novo disco ou um novo filme apresentados como se de uma notícia se tratasse, não quer dizer que esse livro, esse disco ou esse filme tenham nada de especial que os distingam de todos os outros 16.427 que são lançados diariamente por esse mundo fora, mesmo que seja apresentado como a solução milagrosa para o Natal dos divorciados, uma história fantástica sobre um menino pobre que queria ser jogador de futebol ou uma sequência de notas musicais jamais tentadas por ninguém enquanto tomava duche.
Quer apenas dizer que o autor, o editor e/ou o promotor da extraordinária obra têm um amigalhaço na televisão que lhes mete lá aquilo em horário nobre.

Vá.
Não se baralhem.

1/09/2006

O MINETE DE OIRO

Ai queridos clientes, há que tempos cá não vinha! É que isto tem sido uma loucura a amassar bolos reis e outras porcarias que as pessoas têm a mania de pôr na mesa nestas alturas e depois deitam fora. Felizmente agora já acalmou e posso voltar a dedicar-me àquilo para o que realmente fui talhada: a escrita (modéstia à arte).

O assunto da minha crónica de hoje é o minete. Sim, queridos, leram bem, o minete, essa coisa que vocês fazem de vez em quando, com mais ou menos convicção e empenho, na esperança que vos calhe de volta algum bónus mas nem sempre têm sorte.
E porquê? Porque o minete acaba de ser elevado à categoria de tema “bem” pel’O Independente, aquele jornal que se bem se lembram, foi o grande criador da discriminação positiva contra os adeptos da peuguinha branca. Assim eu, que até mandava calar a avó Teresa quando ela se punha na sala de espera do médico da caixa a dizer a toda a gente que “Isto com um minete à maneira feito pelo meu falecido Antunes é que me passava a dor nas cruzes”, agora nunca mais. A avó, afinal, é uma autêntica guru do jet set! A gente está sempre a aprender.
Isto porque uma mocinha com aquele genuíno ar “deslavaduxo Burberry” que escreve crónicas no já referido jornal e dá pelo nome de Ana Anes fez exactamente o mesmo que a Avó Teresa: Veio para a praça pública queixar-se que não tem ninguém que lhe faça um minete de jeito. A prova, para que não digam que sou mentirosa, está aqui.

Mas vamos à análise do texto propriamente dito!
Começa a Anocas por dizer que “os homens (...) acham que nós queremos receber jóias, um casaquito do Cavalli, um fim-de-semana numa linda pousada, um microondas para enfiarmos a cabeça lá dentro, etc”. Ao contrário, o que nós queremos mesmo é homens que saibam “fazer um minete comme il faut”. Olhe querida, fale por si. Eu por mim passo. Com um diamantezito pindérico qualquer já eu consigo comprar um carro novo mais um daqueles Lulus treinados que fazem o que lhes mandam a troco dum torrão de açúcar, não refilam, nem esperam que a seguir eu faça qualquer coisa que me borrate o baton ou me deixe com a sensação de ter bebido sumo de limão estragado com cola de madeira. Não seja estúpida!
Mais à frente lamenta-se a nossa menina que “80 por cento dos homens fazem minetes como os São Bernardos lambem as vítimas perdidas na neve”. Ok. Aqui eu dou o benefício da dúvida. Um canino de grande porte é capaz de não ser mesmo o melhor para estas funções. Insisto no Lulu. Já me disseram que são os melhores. Ocupam pouco espaço entre as pernas não obrigando a grandes malabarismos, são fofinhos, comem menos e têm uma cadência rítmica que nenhum pachorrento São Bernardo é capaz de imitar, a querida experimente.
Depois diga qualquer coisa.

Um beijo da vossa
Rosarinho

1/08/2006

ANDAR NOVO

Na edição de 7 de Novembro último do diário "As Beiras", um anúncio que publicitava a venda de um andar novo com sótão apareceu ilustrado com a imagem de duas moças nuas, de costas e debruçadas. O anunciante reclamou do lamentável descuido e o jornal apresentou as devidas desculpas.
Quanto a nós, no entanto, a culpa foi do trengo do cliente. Já ninguém usa a expressão "andar novo" quando se quer referir a um apartamento!... Pois não?...

1/04/2006

Instalámos cá em casa uma rede wireless para haver net em todo o lado e não termos que levar o expresso em papel para a casa de banho e agora temos uns vizinhos muito engraçados sempre a tentar derrubar a protecção e navegar à nossa pala.
Acontece que estes meus simpáticos vizinhos têm a característica peculiar de perceberem mais de informática do que nós, o que se está a tornar um tanto desagradável.
Se eu soubesse quem são, punha-lhes cocó de cão na caixa de correio ou um palito a encravar a campainha a meio da noite. Como não sei, posso sempre optar pelo método de assar sardinhas e coiratos à janela porque moro no rés do chão, ou ouvir os discos do Quim Barreiros com as janelas abertas e no máximo, mas já me avisaram que esse tipo de coisa pode afectar negativamente a nossa imagem.
Assim sendo, venho por este meio pedir a colaboração dos meus queridos e prestáveis clientes, no sentido de me informarem onde posso arranjar e como se instala (porque já me disseram que há) um daqueles sistemas que envia automaticamente um vírus ao engraçado que tenta entrar na nossa rede.
Se souberem de algum sistema que lhes faça inchar a cabeça até rebentarem os olhos, que lhes provoque uma invasão de formigas assassinas dentro das cuecas ou que lhes faça crescer uma tabuleta na testa com os dizeres “sou um corno impotente” em pink neon sempre a piscar, também serve.
Desde já, obrigada.

1/03/2006

E o que vem a ser um pingo directo?
Também existem pingos indirectos? São o quê?
E se for mais que um pingo que nome tem?
E o pingo é de quê?
E pinga porquê?
E uma meia de leite?
Também há sapatos de leite? Botas de leite? Sapatinhos de dormir de leite?
E uma meia de leite directa é directa a quê ou a quem?
E uma bica? É a fêmea do bico?
E se for curta? Ou comprida? O tamanho importa?
E eu? Estarei outra vez a precisar de férias?

1/01/2006

Um alívio e um voto. É o que querem dizer estes foguetes e esta algazarra que festejam a partida do ano velho e saúdam a entrada no novo. O espírito de conservação é teimoso. Quantas mais desilusões a vida lhe dá, mais se ilude. Existir não é fácil. É preciso perder diariamente a memória das más horas e renovar diariamente a esperança nas boas.
Miguel Torga, 1 de Janeiro de 1980

Um grandioso 2006 para todos!...