3/31/2004

O CÚMULO DO AZAR

Não muito agradável é caminhar com uns sapatos daqueles que têm um salto fininho e que alarga em baixo.
Menos agradável ainda é ir na rua e o salto prender-se nas pedras da calçada.
Pior é isso acontecer ao atravessar a estrada.
E pior ainda é o semáforo, que estava verde para os peões, passar a vermelho sem tu teres conseguido sair dali.
A piorar um bocadinho mais, tens que te descalçar e puxar o sapato com a mão, enquanto os carros aguardam para avançar e os respectivos condutores enchem o papinho com o show.
Mas ainda pode piorar: Olhas para o carro que está mesmo à tua frente e (surpresa!), é o teu ex-marido, que anda há meses com mais vontade de te atropelar do que o Bush de bombardear os países árabes.
Mas atenção, ainda não pára aqui. Olhas outra vez e reparas que ao lado dele, no banco do pendura, está a tua ex-sogra, e até consegues ler nos lábios dela: “Mata! Mata! Mata!”
Pensam que já acabou? Não! Aparece um transeunte armado em samaritano, um daqueles tipos que só toma banho em anos bissextos e arrota sempre que bebe umas cervejolas, que com o pretexto de te ajudar se abaixa todo na rua só para olhar para as tuas pernas.
Conseguem imaginar um argumento pior para um filme de terror? Quem conseguir ganha o prémio FarinhaAmparo 2004...


3/30/2004

VOU MUDAR DE PROFISSÃO

Estou a pensar dedicar-me ao design gráfico. Para já, desenhei este logo para usar nas portas das casas de banho públicas, totalmente da minha autoria.
Está bonito?
Acham que tenho futuro?


MOMENTOS

Há uns anos atrás atendi uma senhora velhinha, de xaile negro que lhe cobria a figura, revelando apenas as mãos e um rosto pequenino. Notei que ambos tinham cicatrizes muito visíveis. A senhora estava completamente confusa e envergonhada. Não sabia ao que vinha nem o que tinha para tratar. Justificou-se:
- É que o meu marido é que tratava disto tudo sabe?
Depois de muito esforço e buscas no arquivo a fim de tentar descobrir o objectivo da sua visita, atrevi-me a perguntar-lhe:
- Mas porque não vem cá o marido da senhora?
- É que ele faleceu no mês passado menina.
Mentalmente castiguei-me – “Didas! Sua estúpida! Já meteste água!” – e tentei remediar, claro. Pedi-lhe desculpa, dei-lhe os sentimentos e rematei com aquela conversa de circunstância:
- Deve ser muito difícil para a senhora estar sozinha...
- Não! – atalhou ela apressada – O filha da puta já devia era ter ido há mais tempo! Batia-me todos os dias e duma vez até me obrigou a entrar no forno de lenha ainda cheio de brasas! Eu só pedia a Deus que ele morresse antes de mim nem que fosse só um dia... para eu poder saber o que é viver com descanso!... E Deus atendeu-me!
A minha surpresa foi tanta que não consegui conter um sorriso. Ela sorriu também e depois rimos as duas muito.
O semblante dela tinha-se alterado completamente e de repente até me pareceu mais alta. Olhei as suas cicatrizes com outros olhos.
Depois de mais algumas buscas e deduções a senhora acabou por sair dali com todos os assuntos burocráticos tratados.
Alguns dias depois apareceu de novo. Trazia uma bolsinha daquelas de crochet com uma fitinha à volta e um sabonete dentro, feita por ela, para me oferecer. Ainda a guardo.

3/29/2004

PRECONCEITOS

Gabo-me de ser uma pessoa muito à frente e sem preconceitos idiotas. É mentira claro. Sofro desse mal como toda a gente. É inevitável.
Hoje, ao navegar até um blog do lado de lá do atlântico, lembrei-me da minha amiga Lu. É brasileira, de S. Paulo.
A Lu veio a Portugal para fazer um estágio e trabalhou comigo durante nove meses. Eu fui a orientadora do estágio dela.

Um belo dia lembro-me de estar no meu gabinete e receber um telefonema a informar-me que iria ter uma estagiária brasileira. Fiquei logo para lá de mal disposta, virei-me para as colegas e avisei:
- Meninas... vamos ter aqui uma brasileira durante nove meses.
(Olhares enjoados)
- É verdade. Disseram-me agora mesmo. Vamos tentar passar esses nove meses de forma pacífica, ok? Quando ela começar com aquelas baboseiras lá deles, façam de conta que não é nada. É só um tempinho e depois ela vai embora. Vamos evitar problemas.
A Lu chegou. Fizemos as apresentações formais, de forma cordial, destinei-lhe algumas tarefas e tentei não mostrar muito a minha contrariedade. Ao fim de apenas alguns dias começou a nascer uma amizade porque a Lu, além de brasileira, era uma pessoa simpática, modesta, discreta e inteligente.
Quando o grau de confiança entre nós chegou àquele ponto em que já se permitem confidências, a Lu confessou-nos que chegou a Portugal com medo, julgando que vinha passar nove meses numa espécie de Afeganistão em versão lusa, onde todas as mulheres teriam bigode e usariam lenço na cabeça e tamancos nos pés, onde a música seria o Malhão Malhão de manhã à noite e onde (pasme-se) ela nem conseguia imaginar que existissem jovens!!!
Sentimo-nos as duas patetas.
A Lu já regressou ao Brasil e há muito tempo que não a vejo... nem sei se a voltarei a ver de novo.
Mas tenho muitas saudades e gosto muito dela.


3/26/2004

O MUNDO MISTERIOSO DOS CLUBES DE VIDEO

Quando vamos a uma padaria a pessoa que nos atende costuma saber distinguir os diferentes tipos de pão e informar-nos sobre o tipo de farinha com que são feitos. Certo?

Quando vamos a uma peixaria a pessoa que nos atende costuma saber distinguir os diferentes peixes e informar-nos sobre os que são mais adequados para fritar, cozer, grelhar ou assar. Certo?

Quando vamos a uma sapataria, se pedirmos umas botas, a pessoa que nos atende não nos aparece com umas sandálias ou uns ténis. Certo?

Então, porque é que quando vamos a um clube de video a pessoa que lá está costuma perceber tanto de cinema como eu de Dinastia Ming?

Vou só contar duas que me aconteceram num destes locais:
Um dia, já há uns anos, escolhi o Metropolis de Fritz Lang, que era um filme que me suscitava alguma curiosidade, e dirigi-me ao balcão para pagar, caladinha e sem provocar ninguém. Comentário do outro lado, com ar de desdém: “Ouça minha senhora! Porque é que não nos pediu ajuda? Isto não presta para nada! Temos aí tanta coisa gira, até chegou agora um novo do Eddy Murphy!” Conclusão: Fui obrigada a dizer ao marmanjo que não me lembrava de lhe ter perguntado nada e ainda passei por mal educada.
Noutra ocasião, antes da febre “Senhor dos Anéis”, dirigi-me ao balcão de um clube de video e pedi à menina (por sinal loira), que me procurasse lá na base de dados deles os filmes do realizador Peter Jackson que tinham disponíveis. Ela olhou para mim com os olhos muito abertos e as pestanas cheias de rímel e respondeu: “Realizadores não temos!...”

E a classificação que aquelas mentes sobredotadas fazem dos filmes? Essa é de almanaque! Drama e romance, terror e suspense, comédia, acção...

Foi por isto que eu deixei completamente de frequentar esses antros. Se tivesse que escolher preferia uma festa com a Cinha, a Lili e a Bibá todas juntas! E atenção que isto é mesmo o pior que eu consigo imaginar em termos de mau ambiente!

Por isso peço. Se alguém souber de um clube de video decente, na zona de Aveiro ou Lisboa, por favor digam-me.

Até lá... tirem-me deste filme.

3/25/2004

O MISTÉRIO DAS PROPINAS

Acabei de receber um e-mail, daqueles que o pessoal acha piada e põe a voar para todo o lado, acompanhado de cinco ficheiros de imagem que mostram um rapazinho e uma mocinha em actos íntimos atrás de uns arbustos. Nota-se que as fotos foram tiradas sem que eles soubessem. A acompanhar, vem um texto que diz isto:
“Vejam como dois alunos do Instituto Superior Técnico, futuros engenheiros deste país, ocupam o seu tempo nos jardins da escola que frequentam. E depois dizem que não querem pagar propinas!”

Pasmei.

Depois destes anos todos, depois de já ter entrado e saído da universidade há uma porradona de tempo, é que venho a descobrir que as propinas, afinal, não servem para comparticipar as despesas que o estado suporta a manter abertas as universidades com tachos para todos os primos, afilhados e amigos dos amigos mais os laboratórios, o mobiliário, a água e a luz, as cantinas e sei lá que mais. Tendo em conta a relação directa causa-efeito que vem descrita no e-mail que recebi, as propinas servem para pagar o aluguer dos espaços das universidades onde os alunos mandam umas quecas para aliviar o stress dos exames e de algumas aulas que, se eu bem me lembro, há por aí doutores piores que a famosa mosca Tzé-tzé.

Ora este facto reveste-se de dupla gravidade, a meu ver. A saber:

1. Os estudantes universitários deste país são ainda mais burros do que já tinham demonstrado no “Doutores e Engenheiros” e demonstram agora no “Um Contra Todos”. O preço a que estão as propinas dá para pagar uma suite num hotel de cinco estrelas com jacuzzi, ar condicionado, cama fofa e confortável, room service e tudo mais o que é mordomia. Só se for por algum sentimento de patriotismo que desconheço é que os putos se põem a pagar os preços exorbitantes que todos sabemos para terem direito a mandar umas cambalhotas atrás dum arbusto, ao ar livre, sujeitos às mais diversas contrariedades como a picada de uma abelha, uma cagadela de cão, posições desconfortáveis como de pé (o que como todos sabemos exige uma harmonia perfeita entre a altura de ambos os participantes), de gatas, por trás e com as calças de ganga até aos joelhos prontas para qualquer emergência, ou até a serem fotografados e remetidos para casa dos papás em forma de e-mail. Não se compreende.
2. O segundo motivo toca-me directamente. Eu, que como já referi terminei esses cinco anos de provação há muito tempo, andei ali a pagar propinas sem reclamar e nunca, mas nunquinha mesmo (juro), mandei uma pinada dentro dos domínios da universidade. É que nem nos jardins, nem nos relvados, nem no wc, nem nos elevadores, nem na fila para a cantina, nem no gabinete de nenhum profe (para subir notas usei sempre a técnica do marranço). Assim, é natural que me sinta defraudada. Acham que devo lá ir pedir o reembolso?

3/24/2004

LEMBRAS-TE?

Foi numa noite de tempestade que te conheci. O vento fazia inclinar as árvores e destruía os guarda-chuvas. Estava frio. A noite era escura e sem estrelas.
Em casa estranharam eu ter vontade de sair numa noite daquelas. Disse que ia tomar café. Denunciei-me. Mais tempo ao espelho e várias trocas de roupa tornavam óbvio que não se tratava de um café qualquer. Era uma réstea amarelada de amor próprio que eu guardava lá no fundo sem saber e nessa noite estava a querer ganhar vida outra vez. Não sei porquê, pois ainda nem te conhecia.
Tomámos café e falámos de coisas banais.
Quando nos despedimos com um beijo na face consegui abrandar o decurso do tempo e fazer durar mais uma fracção de segundo aquele instante em que junto do teu rosto decorei o teu cheiro e a tua pele. Nesse momento tive a certeza que eras tu a pessoa que eu procurava. Guardei essa certeza num cofre num local muito escondido para que nem eu a conseguisse encontrar, mas ela estava sempre a sair. A partir desse dia mudaste o meu mundo todo. Irremediavelmente. Não me arrependo.
Lembras-te? Foi numa noite de tempestade.


3/23/2004

UM CASO QUE NÃO CHEIRA NADA BEM...

Descobrimos hoje aqui no gabinete que o meu colega tem um cão arraçado de bombista suicida.
Passo a explicar. O bicho em questão, quando é alimentado a Frolic produz uma espécie única de excrementos que explodem depois de expelidos. Literalmente.
Como devem calcular estamos deveras preocupados. Ele porque teme pelas paredes da casa, eu porque trabalho ao lado dele.
Por tudo o que ficou acima exposto, peço urgentemente aos meus queridos leitores que me ajudem nestas questões:
-Devo avisar a Sociedade Protectora dos Animais?
-Devo avisar o Instituto do Consumidor?
-Devo avisar o SIS?
-Mais alguém conhece um caso de explosão de cagalhões produzidos por Frolic?
-Haverá terroristas infiltrados na fábrica dos Frolic?
-O que acontecerá em caso de overdose?

Ah! E por falar em cães. Não se esqueçam de trancar as portas e vedar as janelas. Vem aí um dejecto explosivo pior do que estes, o Inspector Max. E nesta questão o cão do meu colega, depois de interrogado sob tortura, continua a afirmar que está inocente. Trata-se de um colega a mando da TVI.


3/22/2004

O CHEGADOR

Hoje cheguei ao emprego com o síndrome “Filipe”, ou seja, o Filipe da BD da Mafalda. Quem conhece percebe logo, para quem não conhece é qualquer coisa como isto, vou pelo caminho a imaginar que aconteceu algo espectacular lá na choldra, tipo um raio que destruiu o edifício todo durante a noite, uma revolução popular que exigiu a deposição do presidente, uma peste desconhecida que obrigou toda a gente a ficar de quarentena e já não me deixam entrar. Afinal não tinha acontecido absolutamente nada. Cheguei, disse Bom Dia, responderam-me (ou não, já nem sei), sentei-me no meu canto e fiquei a pensar “o que faço agora com mais uma semana chatíssima à minha frente?”. A minha imaginação demasiado fértil e quiçá demasiado infantil trai-me constantemente. Vivo numa espécie de limbo entre a terra do nunca e um gabinete numa repartição pública.
Lembrei-me então de uma história que aconteceu no tempo em que era funcionária de balcão, ganhava menos de metade do que ganho agora, mas os dias eram tão mais divertidos!...

Era um homem de aspecto rural. Chegou ao pé do guichet e tirou o chapéu, nunca percebi bem se numa atitude de respeito se de desprezo, se uma mistura das duas. Perguntei-lhe ao que vinha, queria que lhe fossem “botar” um “númaro” na porta de casa, que o carteiro era rapaz novo e nem era da terra, onde é que já se viu, e estava-se sempre a enganar, entregava as cartas do Ti Jaquim na casa do Ti Manel e vice-versa.
Era preciso preencher um formulário. “Quer que preencha?”, era a pergunta que me habituei a fazer e que substituía na perfeição o humilhante “Sabe escrever?”. Sim. Queria que eu preenchesse.
Como habitualmente eu ia fazendo perguntas e passando para o papel as respostas que me eram dadas. Quando chegou a parte da profissão, ele respondeu “Chegador” e eu hesitei. “Desculpe... Não percebi...”
- Chegador – repetiu ele pausadamente para que eu entendesse.
- Chegador??? – perguntei – De chegar?
- Então menina? Chegador de chegar sim senhores! – e com a maior naturalidade do mundo – De chegar o boi às vacas! Como quer a menina que nasçam as bezerras?
No olhar e na voz daquele homem do campo não havia qualquer sombra de malícia, apenas dentro de mim, pobre rapariga urbana que comia bifes e bebia meias de leite sem saber que alguém tinha que chegar o boi às vacas...
Senti-me corar ligeiramente de vergonha, especialmente quando, ao afastar-se, o ouvi ainda murmurar abanando a cabeça:
- E sabem eles ler e escrever!...

3/18/2004

OS DO MEIO

Não somos jovens
Não somos velhos
Já não temos cartão jovem
Ainda não temos cartão 65
Não temos descontos na CP, nem em museus, nem no cinema, nem em exposições, nem crédito bonificado
Se somos exuberantes somos ridículos
Se somos discretos somos antiquados
Não arranjamos emprego se formos despedidos porque somos velhos
Não podemos reformar-nos porque somos novos
Para os mais velhos ainda não sabemos nada
Para os mais jovens já não sabemos nada
Não somos o futuro
Não representamos o passado
Não somos jovens
Não somos velhos


3/17/2004

ESCUSAMOS DE FICAR DESCANSADOS

Segundo o cherne, não há qualquer ameaça credível, em termos de ataques terroristas, ao nosso país.
Podemos então concluir o quê?
Que há ameaças mas não são credíveis?
Que não são credíveis porque o cherne não acredita nelas?
Que as fontes de que se socorreu o cherne para não acreditar nelas são credíveis?


3/16/2004

GENTE FINA É OUTRA COISA

Algumas declarações de José Augusto Silva, que foi mordomo na casa de Betty Grafstein e José Castelo Branco, a esse grande exemplo do bom jornalismo nacional, o Correio da Manhã:
- não tem nível nenhum
- tem por hábito roubar os lençóis, atoalhados e até os guardanapos dos hotéis
- desatou a correr atrás de mim e eu, para o travar, atirei-lhe a tábua de engomar
- trata mal a mulher, principalmente quando se embebeda
- diz-lhe com frequência que se ela o deixar ele a denuncia às autoridades por tráfico. A senhora passa noites a chorar
- como não faz nada, não tem dinheiro
- A pedido dele inscrevi-me num clube ‘gay’ de Nova Iorque, para ele poder ir lá usando o meu nome. E cheguei a fazer engates para o meu patrão
- Aquela casa é uma miséria. Só se come asas de peru e fígado
- Ainda há pouco ele acusou o motorista, um rapaz do Leste, de ter roubado roupas num hotel do Porto

Algumas declarações de José Castelo Branco às declarações de José Augusto Silva:
- se vocês vão começar com peixeiradas eu vou pôr isso no meu advogado
- Eu não quero ouvir ‘cusquice’ nenhuma da criadagem

3/15/2004

PEIXE NO FORNO – OPUS 1

Ingredientes:
1 embalagem de 400gr de lombos de pescada (pois... dessa mesmo... congelada)
0.5kg de batatas em puré
1 cebola
1 couve coração
3 dentes de alho picados
sumo de meio limão
azeite q.b.
sal
pimenta preta moída
molho picante
2 colheres de sopa de maionaise alioli

Modo de Preparação:
Corta-se a couve muito fina e salteia-se em azeite e com o alho, temperada com sal e com o molho picante.
Corta-se a cebola às rodelas e refoga-se em azeite temperada com sal e com a pimenta preta. Quando estiver quase pronta acrescenta-se o sumo do limão.
Num recipiente de ir ao forno faz-se uma cama com a couve salteada e dispõem-se em cima os lombos da pescada descongelados. Por cima dos lombos espalha-se a cebola refogada e cobre-se tudo com o puré de batata. Cobre-se o puré com uma fina camada de maionaise e vai ao forno quente durante cerca de 20 minutos.

Este fim de semana eu e outro grande mestre de culinária inventámos esta receita, a que demos nome e tudo. Ficou óptimo. Experimentem. Estamos tão orgulhosos que já pensamos abrir um restaurante e tudo.

3/12/2004

O MUNDO MARAVILHOSO DOS CLASSIFICADOS DO CORREIO DA MANHÃ

· Jovem Escorpião recebe senhoras inteligentes e com o IRS em dia 91... (mas o gajo está com medo que elas lhe peçam para preencher o IRS?)
· Máxima Discrição!!! Casal (Ele) Quarentão... (Ela) 25A... Bisexual... Tendo Amiguinha Jovem... 91... (Muito bem. Só falta aqui o corpo de bombeiros lá da terra e uma claque de futebol)
· Rapaz Dotado Convive Senhoras, Casais até 65A. Domicilios. Barreiro. 96... (dotado em quê? Em escrita não é porque só numa linha deu um erro.)
· 18/25A" ... As gatinhas+... lindas... e sexys... Da... Quinta... Conde... Tm.93... (claro que para achar piada a este tem que se conhecer a Quinta do Conde)
· " Convivio" Casa... Particular... Quinta Conde... Tm.91... (ainda bem que não concorri para lá, dasse!)
· "30A" 1Show... Senhora... Sensual... Meiga... Desinibida... Convive... Privado... Cavalheiros... Azeitão... Tm.96... (Pois, as roupinhas de marca são caras tia...)
· As Laranjeiras. Senhora de nivel, ar juvenil, muito elegante. Privado com aquecimento. 91... (gostei da parte do aquecimento, dá um toque de hospitalidade sei lá)
· !!! Ajuda... Universitárias... Sensações Únicas!!! Cavalheiros... Nivél... 96... (gostei da parte das universitárias escreverem nível com o acento no sítio errado, estão no bom caminho para um lugar de administradoras ou directoras-gerais quando acabarem o curso.)
· Jordana/ Leticia... Oral... Espectacular... Atrás... Adoramos... TM.96.74.31.987... T.21... (atrás de quê? De um muro? De uma árvore? Da porta? Alguém me decifra isto?)
· 007... 18a... Boca... Gulosa... Sem... Capacete... Adoro... Cambalhota... Classe... Completa... Algés... TM.96... (Claro! É preciso muita classe para se dizer que se dá cambalhota sem capacete e a troco dumas coroas!)
· 007... Caparica Duas amigas, atendem em privado. Show lesbico com massagem e descompressão. 96... (ando mesmo muito por fora. O que é descompressão? As moças sofrem de gases?)
· Dra.Mar, dotada dom hereditário, especialista amarrações infalíveis mesmo distância. Método exclusivo. Tm.96... (No comments... Só para fechar com chave de ouro)
Agora para desenjoar só aqui faltava um anúncio dum gajo a vender um Toyota Celica de 1970 em óptimo estado. Mas não havia nenhum.

3/11/2004

ALELUIA MEUS IRMÃO!

A quem quiser adquirir uma cultura geral mais vasta recomendo este magnífico site cristão. Além de muitas outras coisas, vai poder descobrir o que fazem dois namorados brasileiros quando acabam de dar a cambalhota (eles correm para casa e se trancam no banheiro), como os homossexuais vão provocar um ataque de zombies em massa (a terra vomitará os seus moradores), como a masturbação, além de loucura, cegueira e pelos nas mãos ainda causa brechas (brechas são abertas e a acção do maligno se manifesta), e ainda que quem escreve os livros do Harry Potter não é J.K.Rowling mas sim um tal de Satanás. Tudo isso e muito mais AQUI.
Além de tudo isto e à laia de brinde ainda vamos começar a acreditar em milagres, pelo menos eu comecei.
Ou não é um milagre estes gajos terem conseguido aprender a ler e a escrever e, ainda mais, conseguirem usar um computador e manterem um site, hein?


3/10/2004

MODERNICES...

Na China foi revogada uma lei que obrigava a que os cidadãos, para serem funcionários do estado, tivessem pelo menos três dentes seguidos ou quatro interpolados. Essa lei foi considerada discriminatória.
Eu por acaso não concordo nada com isto. Imaginem que o gajo que vos recebe o IRS, além de não ser propriamente um bacano nem vos dar umas dicas para endrominar o estado, ainda é tipo para não ter três dentes seguidos. Nem nos pesadelos!
Além do que há aqui outro factor a lamentar. Justamente na China, exemplo mundial de disciplina e ordem, é que os funcionários públicos vão passar a andar desalinhados!
Já nada é o que era palavra de honra!

3/09/2004

SEM TÍTULO

Não sou pessoa dada a misticismos ou a questões metafísicas...
... mas às vezes chega-me a parecer que há uma qualquer entidade universal que nos faz pagar caro por cada leve assomo de felicidade que nos concede...
... porque o faz não sei.
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Mas depois acordo e vejo que somos nós, humanos, que propositadamente nos auto-flagelamos e nos cercamos de limites que impomos a cada um de nós e aos outros, para sentirmos que através dessas regras socialmente construídas temos o controlo da nossa vida.
Somos tão patetas!

3/08/2004

DIA INTERNACIONAL DE QUÊ???

Como eles são muito bonzinhos e (apesar da violência doméstica continuar a ser a principal causa de morte entre as mulheres) até já nos deixam votar desde que a malta não abuse a querer os poleiros deles, já nos deixam trabalhar fora de casa desde que a loicinha apareça sempre lavada e a comida feita, etc e tal...
... o Dia da Mulher passou a ser um dia em que nos dão brindes no Jumbo, pontos extra nas gasolineiras, amostras grátis de pensos, detergentes e cosméticos vários e o Tio Herman até contratou um chunga para fazer strip para a gente à meia noite de hoje, só se esqueceu de avisar que era para ter sais de frutos ao pé.
Mas é claro que só nos poderemos considerar satisfeitas quando esse tal Dia da Mulher for apenas um resíduo da memória nos livros de história. Porque todos sabemos que só há dias especiais para vítimas, minorias e coisas em perigo de extinção (o que apesar de tudo ainda não é o nosso caso, estamos por todo o lado)...


3/05/2004

DÚVIDAS

Ouvi hoje na rádio que o CDS/PP tem dúvidas sobre se o clitóris é ou não um órgão importante no corpo da mulher já que não não tem qualquer intervenção no processo de reprodução.
Isto cada um tem os seus problemas, é a vida. Nós aqui no farinha temos dúvidas sobre se o cérebro é ou não um órgão importante no corpo dos gajos do CDS, já que não tem qualquer intervenção nos projectos de lei que redigem.


3/04/2004

PIOR QUE MORRER É SER ESQUECIDO

Naquela aldeia encaixada entre dois montes, como em todas as aldeias, vilas e cidades de Portugal, ter uma representação da última ceia na sala de jantar era tão fundamental como ter uma mesa. Talvez porque a semelhança da cena com as refeições reais das pessoas que ali viviam fosse tão dolorosamente evidente (pouca comida, muita gente), mas ao mesmo tempo tão reconfortante visto tratar-se de personagens de tal envergadura e ainda assim tão iguais aos mais simples.
Naquela aldeia encaixada entre dois montes todas as representações da última ceia eram iguais porque eram pintadas pela mesma pessoa, o único que num raio de muitos quilómetros era capaz de pegar num pincel e transformar tintas em imagens perceptíveis, por isso respeitado por todos.
Só que apesar da rudeza do rosto e das mãos, aquele artista, como todos os artistas do mundo, ansiava ardentemente produzir algo fantástico, saído do mais fundo do seu ser, que não se limitasse à cena daquelas treze pessoas partilhando um pão que era corpo e um vinho que era sangue. E foi com essa vontade queimando-lhe na alma que decidiu ousar, acrescentando uma personagem à cena: Ele próprio, a um canto, assistindo como testemunha presente ao mais marcante episódio da civilização ocidental.
Quando foi entregar o quadro o coração batia-lhe como quando era criança e ia roubar fruta aos quintais vizinhos, tentando antecipar a reacção do cliente.
Quando a obra foi desembrulhada e exposta, encostada à parede mais iluminada da casa, o comprador pôs uma expressão intrigada. Tirou o chapéu e coçou a cabeça e repetiu este gesto mais duas vezes em silêncio, observando. Não sabia ler, nem escrever, nem contar. No entanto algo lhe dizia que qualquer coisa estava errada. Ao fim de uns minutos atreveu-se:
- Oh vizinho... Mas não está aqui um a mais?
- Um a mais? – o pintor aproximou-se com ar clínico – Não! Estão os que deviam estar!
- Ia jurar que este aqui não devia cá estar... – e apontou o auto-retrato do canto, com um dedo esticado que perfurou o coração do artista.
- Olhe, está certo... – admitiu ele desolado – Está aí um a mais sim senhores. Mas não faça caso que ele apareceu só para roer uma côdea e quando acabar abala!
O outro voltou a tirar o chapéu e a coçar a cabeça. Depois de alguns segundos que pareceram horas decidiu-se:
- Ora então assim sendo está muito certo. Deixe cá ficar o quadro. Quando ele quiser abalar eu entrego-lhe o dinheiro e digo-lhe que passe lá por casa para lho dar.
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Há uns dias ouvi algures que pior que morrer é ser esquecido. Esta história era-me contada pelo meu avô quando eu era criança. E esta é a minha homenagem ao meu avô José, que construía móveis e brinquedos, remendava sapatos, fazia crescer coisas da terra e contava histórias.
Ele já morreu.
Mas é para não ser esquecido.



3/03/2004

SÓ PODE…

Cheguei à conclusão que há pessoal que vive em ilhas desertas mas que apesar disso tem telemóvel. Só pode!
... porque não é humanamente possível ter uma vidinha normal como os comuns mortais, tipo ir jantar a casa da sogra, ter uma reunião no emprego, tratar de um assunto numa repartição pública etc... e ter um toque destes no telemóvel!
Ou é?


3/02/2004

PARECIAM CENAS DO CANAL 18...

... foi o que ocorreu dizer a uma inocente donzela que frequenta o 7º ano de escolaridade na Escola da Amora e terá sido testemunha da prática de sexo oral entre dois desprevenidos (e desocupados) funcionários da escola em dia de greve.
Quero salientar que nós aqui no farinha estamos solidários com a criança e pensamos contactar urgentemente a UNICEF para que tome conta desta ocorrência. Também esperamos que o conselho executivo tome as devidas providências e garanta acompanhamento psicológico a esta jovem.
É que não é por a pobre da criança estar habituada a ver regularmente cenas dessas no canal 18 em casa dos papás que os contínuos têm o direito de saturar o seu cérebro em crescimento repetindo as mesmas cenas na escola. Pelo menos deveriam ter diversificado, optando por práticas que o Canal Viver ainda não põe à disposição dos seus telespectadores, como por exemplo sado-maso (a sério), sexo com animais ou com melancias e bolas de basket, o que teria sido do ponto de vista pedagógico muito mais correcto.
Esta dramática história faz-nos lembrar até aquela anedota segundo a qual havia uma menina tão ingénua, tão ingénua, que pensava que desabrochar era tirá-lo da boca.
De resto, sabemos que os funcionários envolvidos se recusaram a prestar declarações, seguindo uma das mais elementares regras da boa educação: Não se fala com a boca cheia.


3/01/2004

CONFESSO!

Eu, como todas as mulheres, também tenho um. E digo-vos mais, se alguma mulher vos disser que não tem, nunca usou, não usa, nem precisa dele, não acreditem, pois costuma ser o objecto com o qual todas nós temos a relação mais duradoura da vida. Nenhuma mulher passa sem ele.
O meu ainda é dos antigos, totalmente mecânico, mas hoje em dia já se fabricam electrónicos, com recurso a tecnologias avançadas, que chegam a registar os resultados de utilizações anteriores e até a falar com a sua dona.
Há no entanto um grande mito associado a este objecto. Costuma-se dizer que nós gritamos quando nos pomos em cima dele. É mentira! A reacção que se tem é antes bastante silenciosa e pode ser uma de duas: um momento de reflexão introspectiva sobre práticas de um passado recente... ou um largo sorriso nos lábios.
Falo, como é evidente, disto.